terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poetas Fernando Pessoa

Um de meus poetas preferidos.

Alberto Caeiro, Heterônimo de Fernando Pessoa -UM VENTO MUITO LEVE PASSA

 

Um Vento Muito Leve Passa


Leve, leve, muito leve,

Um vento muito leve passa,

E vai-se, sempre muito leve.

E eu não sei o que penso

Nem procuro sabê-lo.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XIII"  -Heterônimo de Fernando Pessoa

   Fernando Pessoa explicou a “vida”de cada um de seus heterônimos. Mais do que meros pseudônimos, outros nomes com os quais um autor assina sua obra, os heterônimos são invenções de personagens completos, que têm uma biografia própria, estilos literários diferenciados, e que produzem uma obra paralela à do seu criador.
  Fernando Pessoa criou várias dessas personagens. Desde cedo, Fernando Pessoa inventara seus companheiros. Ainda em Durban, imagina os heterônimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Cria também o especialista em palavras cruzadas Alexander Search e outras figuras menores. Mas seria no dia 8 de março de 1914 que os heterônimos começariam a aparecer com toda a força.Neste dia, Pessoa escreve, de uma só vez, os 49 poemas de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro. Como resposta, escreve também os seis poemas de Chuva Oblíqua, que assina com seu próprio nome. Logo, inventaria Álvaro de Campos e, em junho do mesmo ano, Ricardo Reis. Um semi-heterônimo de Pessoa, Bernardo Soares, só em 1982 teve sua obra, O Livro do Desassossego,composta por fragmentos de prosa poética, publicada.
  Assim  Fernando Pessoa apresenta a vida do mestre de todos, Alberto Caeiro:

"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morrendo o pai e a mãe, e  ficou em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso."
   Fernando Pessoa cria uma biografia para Caeiro que se encaixa com perfeição na sua poesia, como podemos observar nos 49 poemas da série O Guardador de Rebanhos. Segundo Fernando Pessoa, foram escritos na noite de 8 de Março de 1914, de um só fôlego, sem interrupções. Esse processo criativo espontâneo traduz exatamente a busca fundamental de Alberto Caeiro: completa naturalidade.
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...”
  Escrevia mal o Português. É o pretenso mestre de A. de Campos e de R. Reis. É anti-metafísico; é menos culto e complicado do que R. Reis, mas mais alegre e franco. É sensacionista.
  Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza.
  Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. Ao anular o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afeta Pessoa.
    É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplação dos objetos originais. Constrói os seus poemas a partir de matéria não-poética, mas é o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objetividade das sensações e da realidade imediata (“Para além da realidade imediata não há nada”), negando mesmo a utilidade do pensamento.
   Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um fato maravilhoso; por isso, crê na “eterna novidade do mundo”.
  Para Caeiro o mundo é sempre diferente, sempre múltiplo; por isso, aproveita cada momento da vida e cada sensação na sua originalidade e simplicidade.
  Muitos estudiosos  ainda continuam discutindo  a seguinte questão: "Por que Fernando Pessoa teria utilizado estes heterônimos ?"
Fica claro para nós espíritas que Fernando Pessoa psicografava as mensagens (poesias e contos)e para a época era impossível assumir essa posição de médium, portanto a razão dos seus tormentos.

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